Dieta mediterrânica

O que é a dieta mediterrânica

Os antigos gregos, no tempo de Hipócrates, deram grande importância ao regime ou “diaitia”, isto é, ao conjunto de hábitos do corpo e da alma que constituem a actividade vital do Homem.

Esta Dieta (“diaitia”) tradicional do Mediterrâneo foi “redescoberta” quando os peritos em nutrição, na lógica preocupação pela alimentação, procuraram a maneira de transformar as recomendações nutricionais em alimentos concretos e tipos de comidas.

Com efeito, o termo “dieta mediterrânica” foi introduzido recentemente para descrever o regime alimentar popular nos países mediterrânicos no final da década de 50 e início da de 60. Esta dieta foi pesquisada por Ancel Keys e sua equipa no “Estudo dos Sete Países”, desencadeado no início dos anos 50 e que ainda prossegue.

Neste estudo epidemiológico, tem sido observado que a incidência de algumas doenças, como as doenças cardiovasculares e certos tipos de tumores, é muito menor nas populações dos países mediterrânicos quando comparada com as dos países do Norte da Europa.

A diferença mais importante entre a denominada “dieta mediterrânica” e as dietas padrão dos outros países é o facto de se basear, sobretudo, em alimentos de origem não animal – como as massas, o arroz, os legumes, os vegetais frescos, a fruta fresca para sobremesa e o uso intenso de azeite como fonte principal de gordura, bem como quantidades moderadas de vinho tinto às refeições.

A fruta e os legumes fornecem vitaminas, minerais, compostos antioxidantes de natureza não vitamínica (por exemplo, flavenoides e polifenol), além de possuírem um baixo valor calórico.

Por outro lado, o uso diversificado de ervas e especiarias para o tempero frequente dos alimentos contribui para uma reduzida ingestão de sal, diminuindo desse modo um dos factores de risco para a hipertensão. Para complementar, as ervas e especiarias são ricas na produção de micronutrientes biológicos que fomentam as actividades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Vários estudos elaborados nos últimos anos demonstraram a existência clara de uma correlação directa entre o consumo de gorduras saturadas (encontradas frequentemente em alimentos animais) e a incidência de doenças cardiovasculares e do cancro do cólon.

As gorduras insaturadas provenientes do peixe ou de vegetais leva à descida dos níveis do colesterol plasmático, em especial o colesterol associado ao LDL (lipoproteína de baixa densidade), exercendo também um efeito de protecção relativamente às doenças atrás referidas.

Além de uma reduzida ingestão de calorias provenientes de gorduras, a “dieta mediterrânica” dos primeiros anos da década de 60 caracterizava-se por pequenas quantidades de gorduras saturadas e por grandes quantidades de hidratos de carbono e gorduras monoinsaturadas resultantes do consumo de peixe, fruta, legumes, nozes, grão e azeite.

A utilização de azeite, rico em ácidos gordurosos monoinsaturados, como condimento e como principal (ou, por vezes, até única) gordura na preparação dos alimentos, quando comparada com a gordura utilizada normalmente nas dietas alimentares da Europa do Norte e Estados Unidos da América (as quais são abundantemente baseadas em gorduras saturadas) demonstrou os efeitos vantajosos no perfil lípidico plasmático associado aos hábitos quotidianos dos povos dos países mediterrânicos.

Outro elemento do “Estudo dos Sete Países” foi o ambiente social no qual se preparavam e consumiam as refeições diárias. Este ambiente proporcionava a preparação de pratos “ricos” em paladar, a partir de ingredientes considerados “pobres”. Nas sociedades rurais do início e meados do século XX, as refeições eram consumidas num ambiente descontraído e de convívio, no seio da família, afastando, assim, qualquer clima de “stress”.

Infelizmente, este tradicional cenário social e culinário praticamente já desapareceu na maior parte dos países mediterrânicos, assistindo-se a uma redução do consumo de fruta fresca e de legumes e a um aumento do consumo de carne, de gorduras saturadas e de açúcares.

Todos os estudos desenvolvidos mostram que os consumidores podem ser largamente beneficiados com a recuperação dos padrões alimentares e das dietas baseadas na tradicional “dieta mediterrânica” dos últimos 40 anos.

A “dieta mediterrânica” é caracterizada por:
• Abundância de alimentos vegetais, pão, produtos cerealíferos, vegetais e legumes
•  Fruta
•  Quantidades baixas a moderadas de produtos animais
•  Azeite como principal fonte de gordura
•  Escassez de ácidos gordos saturados
•  Abundância de hidratos de carbono e fibras